Tragédia climática no Rio Grande do Sul. Para geólogo, má gestão pública e ocupação do solo agravam temporais.

As fortes chuvas que castigam o Rio Grande do Sul desde o fim de abril causaram estragos que ainda não foram calculados. As inundações afetaram um total de 458 cidades, o que corresponde a mais de 90% dos municípios do Estado do Rio Grande do Sul, com mais de 2 milhões de pessoas impactadas pelo evento climático extremo. 

O volume de chuva passou de 800 milímetro em mais de 60% do estado, deixando mais de 500 mil pessoas desalojadas, ou seja, tiveram que sair de suas casas, e 77 mil estão vivendo em abrigos no momento. As mortes chegam a 155 e ainda há 94 desaparecidos. 

Para explicar algumas causas dessa tragédia, sem precedentes no estado, a Radioagência Nacional ouviu o geólogo Rualdo Menegat, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

Autor do Atlas Ambiental de Porto Alegre (https://www.ufrgs.br/atlas/), Rualdo Menegat defende que não se pode acusar apenas a grande precipitação como causadora da tragédia, mas também os problemas graves de gestão pública dos espaços e equipamentos urbanos de proteção, bem como a ocupação intensiva do solo, que potencializaram os impactos.

O professor cita cinco eixos estruturantes para entender o desastre: a chuva em grandes volumes em um ambiente propício, com vales de rios que escoam a água com muita rapidez; a desestruturação dos serviços ecossistêmicos naturais, com o avanço das plantações de soja até a margem dos arroios e em locais de alagados, bem como a especulação imobiliária que ocupa áreas de extravaso dos corpos d’água e diminui as áreas de proteção ambiental; o desmantelamento da infraestrutura de proteção, como órgãos reguladores e instrumentos de contingência como diques e bombas de água; e uma Defesa Civil ineficiente que só atua no socorro, e não na prevenção, bem como uma população sem treinamento sobre como agir em caso de desastres.

Fonte- http://agenciabrasil.ebc.com.br

Foto- Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina- Divulgação.